....E, para encerrar 2014, uma tirada do grande Joel Silveira
( aos não iniciados: Joel era tido - com razão - como o maior repórter brasileiro. Ganhou de Assis Chateaubriand o apelido de "a víbora").
Tive a sorte de trabalhar com Joel em dois livros: "Hitler-Stalin: o Pacto Maldito" e "Nitroglicerina Pura". Oficialmente, éramos co-autores, mas é óbvio que, na prática, Joel era mestre e eu, discípulo.
Joel - que era capaz de passar meses e meses "enclausurado" no bunker em que vivia, rodeado de livros, na rua Francisco Sá, em Copacabana - chegou a pensar em fazer noite de autógrafo de Nitroglicerina Pura.
Usei meu argumento:
- Talvez seja melhor a gente não fazer. Em primeiro lugar, haverá sempre o risco de não aparecer ninguém - ou dois gatos pingados. E, além de tudo, para que "obrigar" os outros a ficar de pé numa fila só para comprar um livro e pegar um autógrafo? Se fosse para pegar um autógrafo de Winston Churchill, tudo bem: talvez valesse a pena o leitor enfrentar o sacrifício..Mas não...Quem quiser comprar o livro pode ir a qualquer hora, em qualquer livraria, sem ser castigado por filas e esperas. E, além de tudo, há o problema dos nomes: a gente corre o risco de se esquecer dos nomes de amigos e conhecidos na hora do autógrafo! Vai ser um vexame!
Joel se convenceu. Mas o argumento definitivo quem deu foi ele mesmo:
- É melhor, então, não fazer noite de autógrafo, mas pelo seguinte: se a gente fizer, "ela" pode aparecer !
Pergunto, ingênuo:
- "Ela" quem :?
Joel exclama:
- "Ela", a espécie humana ! Quero distância ! É ela lá e eu aqui...
A ideia da noite de autógrafo morreu ali. Respirei - estupidamente aliviado.
....E, para encerrar 2014, uma tirada do grande Joel Silveira
( aos não iniciados: Joel era tido - com razão - como o maior repórter brasileiro. Ganhou de Assis Chateaubriand o apelido de "a víbora").
Tive a sorte de trabalhar com Joel em dois livros: "Hitler-Stalin: o Pacto Maldito" e "Nitroglicerina Pura". Oficialmente, éramos co-autores, mas é óbvio que, na prática, Joel era mestre e eu, discípulo.
Joel - que era capaz de passar meses e meses "enclausurado" no bunker em que vivia, rodeado de livros, na rua Francisco Sá, em Copacabana - chegou a pensar em fazer noite de autógrafo de Nitroglicerina Pura.
Usei meu argumento:
- Talvez seja melhor a gente não fazer. Em primeiro lugar, haverá sempre o risco de não aparecer ninguém - ou dois gatos pingados. E, além de tudo, para que "obrigar" os outros a ficar de pé numa fila só para comprar um livro e pegar um autógrafo? Se fosse para pegar um autógrafo de Winston Churchill, tudo bem: talvez valesse a pena o leitor enfrentar o sacrifício..Mas não...Quem quiser comprar o livro pode ir a qualquer hora, em qualquer livraria, sem ser castigado por filas e esperas. E, além de tudo, há o problema dos nomes: a gente corre o risco de se esquecer dos nomes de amigos e conhecidos na hora do autógrafo! Vai ser um vexame!
Joel se convenceu. Mas o argumento definitivo quem deu foi ele mesmo:
- É melhor, então, não fazer noite de autógrafo, mas pelo seguinte: se a gente fizer, "ela" pode aparecer !
Pergunto, ingênuo:
- "Ela" quem :?
Joel exclama:
- "Ela", a espécie humana ! Quero distância ! É ela lá e eu aqui...
A ideia da noite de autógrafo morreu ali. Respirei - estupidamente aliviado.
"Detesto calor. Se existe algo que me abate, prostra, irrita, emburrece, avilta e amolece é o calor. Derrotado por ele, como mal, bebo mal, trabalho sem vontade, as palavras me saem suadas e pastosas, porque nascem de uma cabeça opaca, onde predominam o bochorno e o desalento. Prefiro a meia-noite" - dizia o grande repórter Joel Silveira, mestre.
O calor era uma das "implicâncias" de Joel Silveira - mas não a única, é claro. Joel se irritava com apresentadores de TV que, antes dos intervalos comerciais, dizem, imperativamente, ao telespectador: "Não saia daí !".
Toda vez que ouvia alguma figura televisiva ordenar "não saia daí", Joel tinha o impulso de cometer dois pequenos gestos de desobediência. Primeiro: dizer, para si mesmo, "saio, sim!". Segundo: começar a andar em círculos pela sala, só pelo gosto de desobedecer as "ordens" vindas da TV.
"Fazer jornalismo é dizer "lorde Jones morreu" a pessoas que nem sabiam que lorde Jones estava vivo" ( G.H. Chesterton ).
A declaração do ano, desde já, foi feita pelo homem que saiu atirando a esmo na noite do reveillon, em Copacabana, porque estava com "ciúmes" da mulher. Feriu doze - inclusive crianças!
"Pediu desculpas por ter estragado o passeio da família" - segundo os jornais de hoje.
"Estragado o passeio.....".