UMA MENSAGEM DO PAI DE TRÊS DESAPARECIDOS, UM POEMA ESCRITO POR UM DOS FILHOS - AOS TREZE ANOS
Uma surpresa: Rafael Belaustegui, o advogado argentino pai de três desaparecidos políticos ( ver texto anterior, em que detalho a visita que ele fez ao Brasil ), acaba de deixar, no próprio post, um comentário sobre o relato que publiquei primeiro no blog Dossiê Geral - no G1 - e, em seguida, aqui.
A mensagem de Rafael:
Geneton prezado, todavía estoy conmovido por mi estadía en Río de Janeiro. El post suyo que comento lo guardaré entre los documentos más valiosos de los que tengo, vinculados con esta trágica historia. Un resumen perfecto, con un estilo literario y periodístico impecable. Lo incluyo en el círculo mis amigos que puedo contar con los dedos de una mano. Felicitaciones y agradecimientos por todo, hy a la gente de Livraria Travessa.
Reações, assim, emocionam, é claro. Reforçam a ilusão de que, ainda que aos trancos e barrancos, a prática do jornalismo pode ter seus momentos compensadores. E não é preciso fazer nada, nada de extraordinário! Basta registrar e passar adiante histórias como a deste personagem - um pai que, aos 86 anos, encontra disposição para viajar, falar do drama indizível que viveu e lançar idéias ao debate.
Por que quase nenhum jornalista foi ouvi-lo? Tento a tentação de repetir a pergunta, já feita em post anterior. Onde estão todos? Onde estão todos? É preciso avaliar criticamente o jornalismo. Ah, o jornalismo: o mesmíssimo jornalismo que deu uma cobertura modesta - ou inexistente - à passagem do pai dos três desaparecidos pelo Brasil. O mesmíssimo jornalismo que encontra espaço e tempo fartos para falar de subcelebridades, lipoaspirações e dietas de famosos, mas quase desconhece personagens como este. Ninguém lerá nada sobre eles nas edições do fim de semana. E o tema renderia, com toda certeza, uma belíssima reportagem.
Por fim, um acréscimo: Rafael leu, ao final do encontro na Travessa, um poema "premonitório" que José, um de seus filhos desaparecidos, escreveu quando tinha apenas treze anos. Título: "Poema para não morrer".
Ei-lo:
Sé que algún día dejare de pertenecer al mundo,
y nunca más podre escribir,
ni hacer el amor,
ni disfrazar la naturaleza con un poema,
ni viajar en los libros,
ni exponer mis ideas.
Por eso en este poema dejo mar, cielo y luna
mariposas, besos y sirenas,
y me dejo a mí,
porque cuando muera seguiré viviendo en estos versos.
Posted by geneton at outubro 5, 2013 11:39 AM