outubro 25, 2013

JORNALISTAS....AQUELA RAÇA DOS QUEM JOGAM, DESPUDORADAMENTE, NOTÍCIA NO LIXO. JULGAM-SE, NA MAIORIA, MUITÍSSIMO MAIS IMPORTANTES DO QUE REALMENTE SÃO. PECAM PELA PRETENSÃO DELIRANTE OU PELA VAIDADE DESCABIDA. MAS....

Trecho do artigo "Fica dramática a situação do Brasil":
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O problema não são os artistas. Os problemas não são os biógrafos. O problema é a lei. Por que não se muda a lei, consensualmente, então? Tudo podia ser tão simples. O fogo cruzado deste debate há de trazer bons resultados - para biógrafos e biografados. O enorme choque de opiniões faz parte das dores do parto. Democracia dá trabalho. Mas um rebento pode estar a caminho.

Ah, antes que alguém atire a primeira pedra: nem preciso lembrar que a privacidade é direito irrevogável de todo brasileiro, vivo ou morto. Mas é absurdo imaginar que toda biografia seja invasão de privacidade. Não é. Neste debate, a figura dos biógrafos foi "demonizada". Correm o risco de serem vistos como abutres famintos que investem sobre a vida alheia em busca do vil metal. Falso, falso, falso.
Grandes nomes da música brasileira foram igualmente "crucificados" porque, para surpresa geral, se declararam a favor da autorização prévia. Há uma grande novidade, desta vez: Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, ícones de uma geração, parecem estar do lado errado. Estão.
Tensão entre jornalistas e artistas é saudável. Eu diria: saudabilíssima. Jornalista não deve pensar como artista - felizmente. E artista não deve pensar como jornalista - ainda bem! Quando pensa como artista, o jornalista trai o jornalismo. E o artista trairá a arte se pensar como jornalista.
Neste exato momento, alguém levanta a mão na plateia imaginária para dizer que estou brandindo argumentos a favor da liberação incondicional das biografias porque sou jornalista. Não e não.
Arrisco-me, até, a fazer uma declaração que, no fim das contas, depõe contra o Jornalismo: em figuras como Gilberto Gil, em Caetano Veloso, em Chico Buarque, o importante é a música que eles produziram ou produzem. Certamente, fizeram o país "andar para a frente" e dar um passo para se livrar dos atoleiros mentais do subdesenvolvimento. São "gigantes" - pelo que criaram. O importante, repito, é o que produziram: não é o que eles disseram eventualmente a um jornalista. Ou o que um jornalista - biógrafo ou não - possa escrever sobre eles.
De qualquer maneira, é claro que eventuais biografias de figuras públicas como eles podem ajudar a iluminar este palco fascinante e sofrido por onde se move o Brasil. O que se quer, em uma palavra, é luz. Lastimavelmente, luz não rima com "autorização" para o exercício do jornalismo (biografia é um produto jornalístico).
Sou razoavelmente insuspeito para falar. Faço jornalismo há quatro décadas (uma língua maldosa perguntaria: não seria hora de procurar um estábulo confortável para repousar os ossos cansados? ). Não tenho, no entanto, contemplação com o jornalismo. Falo aqui, em nome "estritamente pessoal". Jornalistas cometem uma vasta coleção de pecados. Jogam, despudoradamente, notícia no lixo. Julgam-se, na maioria, muitíssimo mais importantes do que realmente são. Pecam pela pretensão delirante ou pela vaidade descabida. Mas, independentemente desse rol de pecados, a maioria esmagadora toma cuidado com o que faz.
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Íntegra do texto:
http://goo.gl/p9XJ76

Posted by geneton at outubro 25, 2013 12:22 PM
   
   
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