novembro 02, 2014

...E A PALAVRA HERZOG PROVOCA EMOÇÃO NUMA NOITE EM OURO PRETO, NO BRASIL DE 2014

Um breve informe sobre uma rápida viagem a Ouro Preto, para participar do Forum das Letras ( fica consignada na ata a alegria de reencontrar e ouvir feras do jornalismo como Audálio Dantas, Ricardo Kotscho, Paulo Markun, Mário Magalhães e a de conhecer pessoalmente Lira Neto, Eliane Brum, Daniela Arbex, Natália Viana. Reunido, este time - que mistura várias gerações - formaria, com toda certeza, uma belíssima redação de repórteres. É tudo "repórter de nascença". Feras, feras, feras ).
Houve um momento de forte emoção: num debate sobre os famosos "anos de chumbo", o escritor Mário Prata - que estava na plateia - levantou-se, pegou o microfone e disse, emocionado, que Vladimir Herzog poderia - e deveria - estar ali, naquela mesa, se não tivesse sido martirizado nos porões do DOI-CODI, naquele outubro de 1975. Com a voz embargada, Mário Prata quase não consegue terminar a frase. ( O locutor-que-vos-fala, um dos integrantes da mesa competentemente mediada por Manuel da Costa Pinto, confessa que sentiu um nó na garganta...).
Não quero soar "grandiloquente", mas não há como não pensar:
é possível que jamais se conheçam os nomes dos que torturaram Vladimir Herzog. Mas, quase quarenta anos depois, a palavra Herzog ainda é capaz de causar justíssima comoção numa mesa de debates. ( o Caso Herzog - aliás - inspira até hoje reportagens que levantam prêmios, como aquela que Cláudio Renato Passavante fez para a Globonews com o juiz que responsabilizou o Estado pela morte do jornalista ou como o relato que Audálio Dantas fez, há pouco, em livro. É triste, é tristíssimo, mas o martírio não foi em vão. Ficou como símbolo de um horror que não haverá de se repetir ).
A gente se lembra da figura magra de Ulysses Guimarães, o chefe da oposição parlamentar ao regime dos generais, dizendo que "a pátria é Rubens Paiva - não os facínoras que o mataram".
Em algum lugar daquela sala em Ouro Preto, as palavras de Ulysses Guimarães reverberavam, em pleno 2014. Que seja assim pelas décadas vindouras.

Posted by geneton at novembro 2, 2014 10:43 AM
   
   
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