COMO SEMPRE: JORNALISMO A FAVOR NÃO EXISTE. SE É A FAVOR, NÃO É JORNALISMO. SE É JORNALISMO, NÃO É FAVOR.
Um amigo registra, no Twitter, uma ideia que ouviu: que tal se fosse criado um partido que jamais almejasse conquistar o Poder? O papel do partido seria o de exercer oposição permanente - no legislativo, qualquer que fosse o governo.
Eis aí uma bela ideia ( se bem que inviável, utópica e improvável ). Mas as ideias inviáveis, utópicas e improváveis são as melhores. Sempre foram. Eu seria capaz de me filiar a este partido - que jamais existirá. Poderia até sugerir um nome: POP ( Partido de Oposição Permanente ). E um slogan: "Seja contra. Seja POP".
A bem da verdade, todo e qualquer jornalista - pelo menos enquanto estivesse no exercício da profissão - deveria, simbolicamente, se filiar ao POP. Porque o papel do jornalismo é, por natureza, por princípio, por convicção, o de exercer uma oposição permanente ao Poder. Não importa quem esteja no poder: pode ser PT, PMDB, PSDB, DEM, o Papa, a Rainha, seja o que for.
Jornalismo é jornalismo. Propaganda é propaganda. Jornalismo é jornalismo. Militância é militância. São coisas que, feito água e óleo, não se misturam. Sempre foi assim. Que assim seja, para sempre.
Quando um cruza o caminho do outro, o resultado é o de sempre: perda total. Lá se foi a confiança, a credibilidade, a isenção.
Jornalismo a favor não existe. Se é a favor, não é jornalismo. Se é jornalismo, não é a favor. Ponto.
PS: Feitas estas breves e inúteis considerações, o locutor-que-vos-fala se declara horrorizado com o grande festival de mentiras e desinformação registrado nesta campanha eleitoral, a mais radicalizada das últimas décadas.
As chamadas "redes sociais" serviram de palco para a encenação de uma infindável lista de absurdos. Militantes pró-Dilma faziam, sem o menor constrangimento, insinuações de baixíssimo nível contra Aécio Neves. Militantes pró-Aécio enxergavam em Dilma a versão planaltina da Besta do Apocalipse. Deus do céu. Quanta cegueira, quanto primarismo, quanta intolerância, quanta estupidez.
Se este nível de mútua intransigência se repetir nos próximos embates, o Jornalismo ( aquele de verdade - que nunca é a favor de "a" nem de "b" e não se confunde com militância, propaganda ou engajamento ) terá um belo e difícil papel a cumprir: o de tentar jogar fachos de luz na treva da intolerância.
Quem diria! O "bom e velho" jornalismo, tal como existia antes, pode até estar morrendo - mas pode ganhar, em futuras campanhas eleitorais, um novo e inesperado fôlego. É um mero palpite de quem acompanhou, na arquibancada, a Guerra de 2014.
Posted by geneton at outubro 27, 2014 12:05 PM