abril 02, 2015

O DIA EM QUE RELINCHEI PELA PRIMEIRA VEZ ( OU: AUTOBIOGRAFIA COMPLETA EM QUINZE LINHAS! )

E, agora, uma pequena, rápida e inútil anotação autobiográfica. Diz a lenda que, quando me viu relinchar pela primeira vez, ainda na maternidade, cinco minutos depois de nascido, a enfermeira apostou: "Vai ser jornalista! Vai ser jornalista! Só pode ser!".
Uma muda consternação se instalou no quarto. Meu pai passou horas e horas olhando fixamente para o chão, em silêncio. Certamente, avaliava o tamanho do desastre. Os outros parentes mergulharam num "pranto convulsivo", como se dizia antigamente. O médico, experiente, se limitou a dizer: "C´est la vie! c´est la vie! Tratem de se conformar ! Poderia ser pior!".
Depois, o doutor se sentou num canto do quarto, pôs a cabeça entre as mãos e passou a repetir em voz baixa, como se pronunciasse um mantra: "Vou ser honesto: não, não poderia ser pior. Não poderia, não poderia...".
E assim tudo começou. Ao ouvir o relato, ainda agora, meu anjo-da-guarda me soprou as três palavras de sempre, ao pé do meu ouvido esquerdo: "Deus do céu, Deus do céu, Deus do céu...."

Posted by geneton at abril 2, 2015 01:22 PM
   
   
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