DUAS PERGUNTAS DEFINITIVAS. A PRIMEIRA É: “POR QUE SERÁ QUE ESTES BASTARDOS ESTÃO MENTINDO PARA MIM ?”
Entre um aeroporto e outro, em trânsito, o blogueiro amador lamenta informar que se encontra temporariamente vitimado pela SFT, a temível Síndrome da Falta de Tempo.
Mas, para não dizer que não assinei o ponto, repasso aos caríssimos frequentadores duas rápidas “pílulas de vida”.
A primeira é uma lição imortal, deixada por um jornalista inglês ( by the way : comparado, sob qualquer ângulo e qualquer parâmetro, com o que se faz no Brasil, o jornalismo que se pratica na Inglaterra, especialmente nos chamados “jornais de qualidade”, é uma humilhação impressa imposta diariamente a nós, brasilíndios. Não falo em qualidade industrial. Falo em qualidade editorial : as pautas, as sacadas, os títulos, os textos. Faça-se um teste. Pegue-se uma edição do Sunday Telegraph (disponível na Internet). Por contraste, pegue-se um jornal brasileiro qualquer. Agora, compare-se quanto tempo é necessário para ler um e outro. O resultado diz tudo. Assinado: um selvagem que, em matéria de imprensa, confessa-se um anglófilo de carteirinha).
Como eu ia dizendo antes de ser bruscamente interrompido por esta divagação anglófila:
um jornalista inglês chamado Louis Heren ouviu, no início da carreira, um conselho que fez questão de deixar registrada numa autobiografia.
O conselho deveria ser seguido ao pé-da-letra por todos os jornalistas, sem exceção, especialmente aqui no Brasil, a terra do tapinha-nas-costas e do compadrismo:
“Toda vez que estiver ouvindo presidentes e ministros, líderes sindicais ou empresários, iogues ou delegados de polícia, o repórter deve sempre perguntar a si mesmo: por que será que estes bastardos estão mentindo para mim ?”.
A outra pergunta aprendi com Paulo Francis. Se fosse capaz de articular uma frase cinco minutos depois de nascer, ele gostaria de ter perguntado aos presentes, ainda na maternidade:
“Quem disse que eu queria vir pra essa joça ?”.
É o que qualquer ser bípede também dotado de um par de neurônios deve se perguntar de quinze em quinze minutos, ao contemplar o Grande Circo Diário.
São duas perguntas definidoras. Uma vale para o jornalismo : por que será que estes bastardos estão mentindo pra mim ?
A outra vale para tudo: quem disse que eu queria vir pra essa joça ?
A boa notícia é que a procura por respostas para uma e para outra pode ser – e é – divertida.
Então, pé na estrada e velas ao mar ! Como diria o velejador que passeava inocente entre as ondas, sem enxergar o tsunami que se aproximava : tudo azul até agora.
Que assim seja.
Posted by geneton at outubro 1, 2009 12:45 AM