ROBERTO CARLOS
ROBERTO CARLOS TENTA EXPLICAR O FENÔMENO ROBERTO CARLOS
O cenário é a suíte de um hotel em Ipanema. Numa gravação feita originalmente para o Fantástico, Roberto Carlos dá pistas sobre o motivo do sucesso perene de um fenômeno chamado Roberto Carlos. Primeira pista: a exigência. Num país em que o improviso é tido como virtude, Roberto Carlos é obsessivamente exigente com a qualidade do que faz. O nível de exigência descamba com frequência para a teimosia, como ele próprio admite. Mas pode explicar – pelo menos em parte – a gênese do sucesso. Segunda pista: a paciência. Terceira: a sintonia com o gosto popular.
Com a palavra, o “Rei” Roberto Carlos, num depoimento agora publicado pela primeira vez.
GMN: Já se tentou explicar. Como é que você explica o fenômeno Roberto Carlos?
Roberto Carlos: “Nunca me preocupei com a explicação. Trabalho muito. Gosto muito do meu trabalho. Uma das coisas que têm me ajudado muito é a paciência. Porque não basta saber fazer música. É preciso ter paciência para insistir na idéia de fazer melhor do que aquilo que a gente fez até certo ponto. A gente fez até aqui (aponta para uma escala imaginária) e ficou bom. Mas será que se eu ficasse outra noite trabalhando nesta frase eu não iria fazer melhor ?
A paciência me impulsiona. Isso tem me ajudado. O que tem me ajudado muito também é que tenho o gosto muito parecido com o do povo. Gosto – muito – das coisas de que o povo gosta. Podem ser coisas muito simples – que a própria crítica não elogia tanto por ser algo muito popular. Mas gosto. Eu me identifico – muito - com o povo, realmente. É um fator que tem contribuído para o bom resultado de minha carreira. Mas é apenas um fator. São coisas que a gente não sabe explicar”.
GMN: As virtudes de Roberto Carlos como um grande cantor todo mundo conhece. Se você fosse um crítico de música rigoroso, que defeito você apontaria em Roberto Carlos?
Roberto Carlos: “Sou teimoso. Exagero um pouco na minha teimosia. Quando estou trabalhando num CD - e as coisas estão indo bem - eu até paro para pensar um pouco. Descanso, relaxo. Quando vou ouvir de novo, digo: “Estava bom. Teimei demais”.
GMN: Chico Buarque disse numa entrevista que, com o passar do tempo, a necessidade de fazer música vai diminuindo, porque música popular, segundo ele, é coisa de juventude. A fonte do Roberto Carlos compositor começou a secar ou não?
Roberto Carlos: “Não.De jeito nenhum. Eu sinto diferente: a necessidade de fazer música não tem diminuído com o tempo. Sempre quero fazer alguma coisa nova. Quero falar das coisas que sinto numa nova música. Penso assim. Logicamente, com o passar do tempo a gente gosta um pouco mais do conforto e de trabalhar um pouco menos. Mas fazer música é algo de que gosto muito. Não tenho menos vontade de fazer música. Gosto de fazer. Quero fazer mais”.
GMN: Que tipo de cuidado você tem com a voz? É verdade que você masca gengibre todo dia?
Roberto Carlos: “Não masco gengibre. Faço um gargarejo de gengibre com mel antes dos shows. Os cuidados que tenho são os de não fazer esforços exagerados com a voz, manter minha voz sempre bem cuidada. O gengibre é suave, com mel. Não masco, porque acho muito forte”.
GMN:Você diz que já conseguiu se livrar de manias que estavam atrapalhando você. De que mania exatamente você já se livrou?
Roberto Carlos: “Não é bem assim! Não são só manias. É a questão do TOC, o Transtorno Obsessivo Compulsivo. Não se trata de se livrar dessa ou daquela mania, mas de tratar o problema como um todo. Determinadas coisas me angustiam hoje menos do que antes. Exemplo: o fato de você estar de preto não está me incomodando. Antes, eu poderia ficar um pouco incomodado. Mas vai ser difícil eu fazer certas coisas. Vai ser muito difícil que eu venha a usar o marrom. É uma cor de que não gosto. Também vai ser difícil eu deixar de usar azul. Porque é uma cor de que gosto. Preto é uma que acho bonita...”.
GMN: Se eu estivesse de marrom – uma cor que você detesta – você me receberia?
Roberto Carlos: “Receberia. Mas, se você fosse gravar um disco comigo de marrom, eu iria ficar meio “assim”“.
GMN: Com o tratamento , você já conseguiu descobrir qual foi a origem dessas manias?
Roberto Carlos: “Não existe a descoberta da origem. O Transtorno Obsessivo Compulsivo pode até ser hereditário. Não tem uma origem básica. Isso parece que já vem no DNA”.
GMN: Quantas sessões de tratamento você vem fazendo por semana para se livrar do TOC?
Roberto Carlos: “Faço duas sessões por semana já há algum tempo”.
GMN: Você tem apelado para medicamentos também?
Roberto Carlos: “Não tenho tomado remédio”.
GMN: Que palavras você não dizia antes mas agora se sente à vontade para dizer?
Roberto Carlos: “Ainda não cheguei a este estágio do tratamento. Mas algumas reações que eu censurava muito eu segurava. Hoje em dia, falo. Digo as coisas que me incomodam. Uso qualquer tipo de palavra – inclusive palavrão mesmo. Eu me segurava muito. Ficava sempre me criticando e me segurando”.
GMN: Você chegou a mudar letras de músicas suas, para evitar dizer certas palavras ? Hoje, você se sentiria à vontade para dizer certas palavras?
Roberto Carlos: “Estou quase. Eu mudei a letra de “É preciso saber viver”. Digo “se o bem e o bem existem”. Mas, daqui a pouco, eu vou dizer a outra”.
GMN: É verdade ou é lenda essa história de que você fala com as plantas?
Roberto Carlos: “É um pouco de verdade e um pouco de lenda. Falo com as plantinhas. Mas, na realidade, o que faço é carinho nas plantas, por serem seres vivos”.
GMN: O que é que você diz a elas?
Roberto Carlos: “Faço um carinho. Cumprimento. Digo: “Bom dia. Tudo bem, minhas plantinhas...” – qualquer coisa assim. Boto a mão nas plantas com muito carinho. Tenho realmente muito carinho por elas. Mas não existe uma conversa. Antigamente, eu dizia até que ouvia as plantas. Mas acho que eu estava meio.....Agora, estou um pouco pior (ri). Só falo, para não dizer que ouvi....”.
GMN: Quando quer andar na rua sem ser reconhecido, Pelé usa disfarces. Qual foi a última vez em que você conseguiu andar na rua?
Roberto Carlos: “Faz muito tempo. Nem me lembro de poder andar na rua tranquilamente sem ser abordado por alguém. Isso só antes da Jovem Guarda. De lá para cá, só lá fora, onde ninguém me conhece como aqui. Não é questão ser incomodado, mas ser abordado pelas pessoas”.
GMN: Você sente falta da liberdade de poder ir ao cinema num sábado à tarde ou a um restaurante sem ser abordado?
Roberto Carlos: “Eu sinto às vezes. Penso sempre assim: o que acontece é o bom resultado do trabalho que faço. O resultado do trabalho de um artista é ele ficar conhecido e ganhar todo o carinho do público. Isso é que faz com que ele não possa sair à rua tranquilamente. Mas às vezes sinto falta. Antes, não sentia tanto. Mas atualmente, nesta fase de minha, tenho sentido falta de sair um pouco, tomar um sorvete na esquina, bater um papo, tomar uma cerveja. Normalmente, não tomo cerveja. Mas até uma cerveja iria bem”.
GMN: Você já pensou na possibilidade de usar um disfarce?
Roberto Carlos: “Fiz duas vezes na época da Jovem Guarda”.
GMN: Descobriram você?
Roberto Carlos : “Quando saí pela segunda vez, um cara disse: “Você parece Roberto Carlos...”.Eu disse :”Não sou não”. Mas acho que ele não acreditou em mim”.
GMN: Que disfarce você usou?
Roberto Carlos : “Botei barba, o cabelo todo para trás. E saí. Fui ao cinema. Mas a barba postiça, para ficar natural, tem de ser colada. E incomoda muito. Não foi uma coisa confortável. Não me animei, então, a fazer outras vezes”.
GMN: Por que é que você renega o primeiro disco que você gravou? Você considera esse disco ruim, por algum motivo?
Roberto Carlos: “Não renego. Com toda sinceridade: não considero este disco como um disco bom. Tanto é que não vendeu. Ou vendeu muito pouco. Mas não chego a renegá-lo. É um disco que faz parte de minha história. O que aconteceu, na realidade, é que a própria CBS não manteve este disco em catálogo. Virou um disco de colecionador. Já que não foi colocado em catálogo nem se encontrava nas lojas, virou um disco difícil. Mas não renego nem considero um bom disco. É um disco de começo de carreira” (O disco que nunca foi relançado é “Louco por Você”, gravado em 1961).
GMN: O motivo por que esse disco não agrada tanto você é porque você imitava João Gilberto?
Roberto Carlos: “Não. Eu, na realidade, cantava muito influenciado por João Gilberto, mas num disco anterior (um compacto em que canta “João e Maria” e “Fora do Tom”). Neste disco eu já estava adquirindo minha própria maneira de cantar, meu próprio jeito”.
GMN: A moda dos cabelos grandes passou para todo mundo, menos para Roberto Carlos. Você pensa em um dia cortar os cabelos?
Roberto Carlos: “Não. Pode ser que eu diminua um pouco o comprimento. Mas acho muito difícil que eu venha a usar o cabelo totalmente curto. Não me vejo assim. Se eu tivesse um cachorro e chegasse em casa de cabelo curto, ele iria estranhar. E eu também iria me estranhar”.
GMN: Que tipo de conselho o vovô Roberto Carlos dá aos netos?
Roberto Carlos: “Que eles sejam boas pessoas e se empenhem sempre em caminhar do lado do bem e lutem pelas coisas que querem. Mas ainda são muito pequenos para entenderem. É o recado que darei daqui a pouco a eles. De uma certa forma, a gente já diz a eles essas coisas de uma forma ou de outra”.
GMN: A gente descobriu no arquivo da TV Globo um pedido de Cartola endereçado a Roberto Carlos: ele queria que você gravasse a música “O Mundo é um Moinho”. Você já pensou em incluir uma música de Cartola no repertório?
Roberto Carlos: “Quase cantei uma música de Cartola : “As Rosas não Falam”. Mas, justamente por achar que as rosas falam, eu disse: “Não; não vou gravar ainda não”. Pode ser que um dia eu venha a gravar. A música é linda. A letra é linda, maravilhosa. Cartola ó um grande compositor, inspiradíssimo. Faz coisas lindas. Quem sabe um dia eu vou gravar uma de suas músicas...”
GMN: Que música de outro compositor você daria tudo para ter feito?
Roberto Carlos: “Algumas músicas eu gostaria de ter feito. Não vou dizer quais são, mas, em algum momento, eu teria vontade de trocar uma frase. Vejo músicas lindas que falam de amor mas de repente, no final, elas mudam para terminar de uma forma mais inesperada. Isso às vezes me tira a idéia de gravar essas músicas.
Gosto de canções que falam sempre de amor bem-sucedido. Eu mesmo tenho feito canções de amor que não falam somente de amores bem sucedidos. Mas hoje em dia gosto de falar de amores bem sucedidos, como na canção “Te Amo Tanto” – que fala de uma declaração de amor. Fico pensando por que o amor é muito usado na arte, no teatro, na música – mas falando da dor. É curioso. Para mim, amor não devia combinar com dor. É meio utópico. Hoje, gosto de fazer canções que só falam na forma maior do amor”.
GMN: Você falou de músicas que desistiu de gravar por achar que elas não tocam do amor do jeito que você entende. Você pode citar uma música de outro compositor a que você não faria nenhum reparo?
Roberto Carlos: “É difícil. Não sei. Mas quando digo que não sei não quer dizer que eu tenho alguma coisa a criticar nas músicas de outros compositores”
GMN: Uma velha pergunta: você acha que cantor deve falar de política?
Roberto Carlos: “Depende. Aquele que entende de política deve. Mas quem não entende de política não deve. Porque ninguém deve falar sobre o que não sabe. A gente deve falar sobre o assunto que conhece. Quem entende bem de política deve falar, assim como quem entende de amor fala de amor. Quem entende de matemática fala de matemática. Não tenho nada contra quem fala de política em música. Isso depende da vontade e do conhecimento de cada um”.
GMN: Diz-se que Roberto Carlos talvez seja o cantor mais carismático da música brasileira. Que definição Roberto Carlos tem para “carisma”?
Roberto Carlos: “Carisma é quando uma pessoa consegue chegar ao público e haver uma comunicação, uma troca de sentimento , energia e amor. É algo que pode acontecer em todos os setores, não apenas com os artistas. Quando alguém tem esse tipo de característica – o de se comunicar no olhar e causar alguma coisa ao espectador ...O carisma é uma troca de energia”.
GMN: Você faz força para criar a imagem de bom moço?
Roberto Carlos: “A imagem de bom moço, não. Sou o que sou! Se de repente passo a imagem de bom moço, não vejo nada de errado. O errado seria se eu fosse um cara errado tentando passar a imagem de um cara certo. Não quero dizer que eu seja dos mais certinhos. Sou apenas o que sou. Mas não me preocupo em passar algo que não sou”.
GMN: Erasmo Carlos disse numa entrevista recente que os contatos entre vocês dois são raros hoje em dia. O casamento artístico com Erasmo Carlos começou a dar sinais de cansaço?
Roberto Carlos: “Não. Não chamaria de ”casamento artístico” , porque não gosto dessa expressão. Nesta nossa amizade realmente fraternal, a gente nunca se cansou de trabalhar um com o outro. O que acontece é que, num determinado momento da minha vida, eu quis compor sozinho. As canções que tenho feito nesses cinco anos, dedicadas a Maria Rita, gosto de fazer sozinho. É uma coisa minha, muito minha. E até com Erasmo, meu irmão e “amigo de fé”, como digo na letra que fiz para ele, não seria algo que eu gostaria de fazer. Porque essas músicas gosto de fazer sozinho. Erasmo sabe. E entende muito bem”.
GMN: Pouca gente sabe que você compôs sozinho alguns dos grandes clássicos da Jovem Guarda, como “Quando” e “E Por Isso Estou Aqui”...
Roberto Carlos: “Namoradinha do Amigo Meu” também...
GMN: Uma curiosidade “técnica”: quando você compõe sozinho, você usa piano ou violão? Como é que você começa a compor?
Roberto Carlos: “Antigamente, eu compunha com violão. Depois, comecei a compor com piano. Mas não toco piano. Ou toco muito mal. O meu piano é um pianinho elétrico em que troco de tom. Não toco em todos os tons. Não tenho esta habilidade, embora tenha estudado piano quando era menino. Mas muito pouco. Sou muito limitado no piano. Mas tenho composto mais no piano do que no violão”.
GMN: Você já teve a tentação de apelar para o espiritismo para tentar um contato com Maria Rita?
Roberto Carlos: “Não...”
GMN: Quando o seu filho teve problemas de saúde, você teve contatos com Chico Xavier...
Roberto Carlos : “Tive. Procurei inclusive Zé Arigó (médium mineiro a quem se atribuíam “curas espirituais” nos anos sessenta) num momento de muita aflição. Acho que meu filho foi beneficiado com esse contato que a gente fez com Arigó...”
GMN: Hoje, você não teria a tentação de apelar para o espiritismo para estreitar o contato que você diz que mantém com Maria Rita até hoje?
Roberto Carlos: “Não. Isso tenho feito do meu jeito – espiritualmente e mentalmente. O jeito que estou fazendo é melhor para mim e para nós”
GMN: Sua fé religiosa sofreu algum abalo em todo este processo?
Roberto Carlos: “Não sei se um abalo. Mas passei a ver todas essas coisas de uma forma muito realista. Aquilo de “a fé remove montanhas” não é, para mim, uma realidade. A fé ajuda você, dá força. Ajuda você a subir a montanha e sair do outro lado. Ou a dar a volta. Mas não tira a montanha da frente. A fé, então, ajuda, mas não muda o panorama das coisas. Porque as coisas não mudam de repente”.
GMN: Se você fosse fazer uma comparação, você diria que o Roberto Carlos de hoje é tão religioso quanto o Roberto Carlos de há vinte anos?
Roberto Carlos: “Sou religioso. Talvez não seja tão praticante. Continuo católico. Só que hoje, sem culpas, consigo questionar certas coisas de minha religião e de todas as religiões. Questiono inclusive esta questão da fé. Isso é uma questão de evolução, através da vida e dos acontecimentos. Hoje, vejo tudo de forma realista. Questiono coisas que não questionava antes”.
GMN: Paul McCartney disse, numa entrevista recente, que às vezes em casa, diante do espelho, na hora de escovar os dentes, ele se pergunta: “Mas será que este é o Paul McCartney que tocava com os Beatles?”. Em casa, sozinho, vive a sensação de olhar para Roberto Carlos como se Roberto Carlos fosse outra pessoa?
Roberto Carlos: “Não. Nem um pouco. Eu me olho no espelho de uma forma normal, como uma pessoa comum. Nem me lembro. Sinceramente. Faço as coisas de uma forma natural. Olho-me no espelho, faço minha barba, penteio o cabelo. Não penso nessas coisas”.
GMN: Se alguém pedisse a Roberto Carlos para escrever um verbete sobre Roberto Carlos numa enciclopédia da música popular brasileira, qual seria a primeira frase que você escreveria?
Roberto Carlos: “Não escreveria....”
GMN: Por excesso de modéstia?
Roberto Carlos: “Porque, para mim, é complicado escrever sobre mim mesmo. Acho muito complicado”.
GMN: E se um crítico recorresse a você e perguntasse: qual é a melhor definição de Roberto Carlos sobre Roberto Carlos?
Roberto Carlos: “Para mim, é complicado. Só se ele me perguntasse especificamente sobre uma característica minha. Mas eu me analisar e escrever alguma coisa a meu respeito, eu não saberia. Para mim, seria difícil”.
GMN: Se tivesse de escolher uma só palavra para definir Roberto Carlos, que palavra você usaria?
Roberto Carlos: “Uma só palavra é difícil. É a mesma coisa que você me perguntou antes: se eu tivesse de escrever alguma coisa numa enciclopédia a meu respeito. Você pergunta a mesma coisa com uma só palavra, o que é mais difícil ainda... Não sei. Nunca parei para pensar nesta questão. Sou o que sou. Escrevo e canto o que sinto. E só. Paro por aí. Não fico me analisando”.
GMN: Numa entrevista antiga que você deu ao Fantástico, você dizia que já se daria por satisfeito se fizesse parte das lembranças do público. Isso satisfaria você hoje ainda?
Roberto Carlos: “Com certeza. Estou satisfeito com o que tenho conseguido junto ao público. Ficar na lembrança do público é uma coisa muito linda”.
GMN: Você um dia teria disposição para escrever um livro de memórias?
Roberto Carlos:”Já pensei em escrever minha história. Mas acho que, num livro só não cabe não. Vou ter de escrever uns três livros...” (rindo)
GMN: Já escreveu alguma coisa em casa?
Roberto Carlos: “Não. Faz vinte anos que estou pensando nisso...”
GMN: É verdade que você vem preparando um livro de memórias com um jornalista?
Roberto Carlos: “Não. Já pensei em contar minha história. Mas ainda não escrevi a primeira linha”.
GMN: Não são poucos os críticos que consideram a década de sessenta como o auge de Roberto Carlos. Você concorda com essa avaliação?
Roberto Carlos : “A década de sessenta foi uma época muito importante em minha vida. É a que mais chama a atenção dentro de toda a minha carreira. Mas os anos setenta são anos muito importantes na minha obra, pelas canções que escrevi. A Jovem Guarda, no entanto, é a que mais chama a atenção e a época mais representativa, pelo menos junto ao público , ao espectador, ao fã”.
GMN: Você tem alguma dificuldade de se analisar como artista. Você tem um certo pudor em se reconhecer como um grande nome da música brasileira – ou como um grande ídolo popular, pelo menos...
Roberto Carlos: “Tenho, porque acho que essas coisas não são pra gente viver, mas para ouvir. Sobre a gente mesmo e sobre as coisas que a gente faz, a gente tem de ouvir o que os outros acham - e não dizer o que a gente pensa sobre nós mesmos”.
(Entrevista gravada no dia 10 de dezembro de 2004)
Posted by geneton at abril 21, 2009 12:13 PM