julho 07, 2007

TRÊS NOTÍCIAS SOBRE PAULO FRANCIS. OU: CONHECER GENTE FAMOSA É UMA DESGRAÇA

Conhecer gente famosa é uma desgraça. Conviver com um ídolo é pior ainda.
Por dois motivos. Primeiro: por medo de falar uma grande tolice diante do guru, a gente se cobre de constrangimento quando conversa com ele. O encontro pode ser o mais banal, o mais trivial possível. Mas a gente termina medindo cada frase. Fiz o cúmulo: cheguei a me refugiar uma vez numa sala lateral de uma redação, para não envenenar à toa a convivência com o guru. Mas ele, esperto, foi até o meu esconderijo: "Você se escondendo!!!". Retribuí a gentileza com um riso amarelo.

Segundo motivo por que conhecer gente famosa é uma desgraça: a gente fica se policiando para não cometer, diante de amigos, estranhos ou desconhecidos, o pecado horroroso do "name-dropping" (a mania de ficar citando nomes célebres no meio de uma frase, para dar a ilusão de importância....).

Os dois motivos me impediram de escrever um texto na primeira pessoa sobre dez anos de contatos pessoais e profissionais, em redações no Rio, em Londres e em Nova York, com o meu ídolo, Paulo Francis. Fiz pelo menos três gravações com ele. As anotações sobre esta convivência estão feitas. Falta organizá-las.

Feitas as contas, resolvi quebrar o constrangimento. Não posso deixar que o medo do "name-dropping" me condene a guardar na gaveta as cenas que testemunhei ou as frases que ouvi. Pretendo, em breve, produzir um documento sobre Paulo Francis, a estrela máxima do jornalismo brasileiro das últimas décadas.

Quando o assunto é Paulo Francis, considero-me um grande devedor. Os maiores elogios que recebi na vida foram feitos por ele, repetidas vezes, na coluna Diário da Corte. Quem não gosta de ser elogiado que atire o primeiro Prozac. Fora das páginas de jornal, fui alvo de pelo menos uma demonstração de extrema generosidade que Francis praticou sem qualquer interesse.

Em nome dos teclados de São Gutemberg, prometo à minha dezena de leitores: os fãs, os órfãos, os detratores de Paulo Francis ganharão um presente que estou, aos poucos, garimpando. Que ninguém se assuste, porque não cairei na tentação de parir um tratado sobre o homem. Praticarei o exercício básico do jornalismo: publicarei o que vi e ouvi. Ponto. Reproduzirei diálogos entre Francis e grandes feras. Vai ser minha maneira de retribuir os presentes que ganhei. A retribuição virá em forma de livro. É projeto para 2008.

Por ora, pergunto: o que diabos vocês estão fazendo aí? Por que não saem voando para conseguir uma cópia de "O Afeto Que se Encerra" ? É um dos melhores livros de memórias já lançados no Brasil. Autor: Paulo Francis. Uma nova edição acaba de sair do forno da Editora Francis.
O Sopa de Tamanco fará, nos próximos dias, uma seleção de frases marcantes do livro, para animar os preguiçosos.

Além do relançamento de "O Afeto que se Encerra" , há outra boa notícia no arraial: Sônia Nolasco, viúva de Francis, resolveu publicar o romance inédito que ele não teve tempo de lançar.

Às favas com a objetividade jornalística: nem li. Mas já gostei.


Posted by geneton at julho 7, 2007 12:48 AM
   
   
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